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Em Psicologia, permanente aprendizado

Ao fim da graduação em Psicologia, é comum ouvir de professores ou recém-formados no curso: “Psicologia é um aprendizado contínuo, você não pode nem consegue parar de estudar”. Para contemplar essa demanda natural por aprimoramento profissional, os cursos de especialização para os discípulos de Freud, Jung, Lacan e companhia estão cada vez mais acessíveis e palatáveis ao gosto dos psicólogos. Com pitadas de inovação e contornos tecnológicos, as propostas atuais de aperfeiçoamento profissional na área enquadram-se aos poucos a algumas necessidades surgidas de desafios contemporâneos.

Ofertado pela primeira vez pelo programa de pós-graduação do Hospital Israelita Albert Einstein e com início previsto para fevereiro de 2017, o curso de especialização em Neuropsicologia prevê 20% de atividades não presenciais para a turma (com classes nos fins de semana). Além de aulas teórico-práticas e de disciplinas a distância, o escopo prevê o uso da simulação realística, técnica em que robôs, manequins estáticos ou atores profissionais simulam situações para discussões de casos, em instalações que reproduzem o ambiente de um hospital. 

“A gente simula atendimentos e o aluno recebe um feedback de como foi a performance dele. É uma metodologia muito rica que, para treinamentos comportamentais, a gente usa bastante”, explica Ana Merzel, psicóloga coordenadora do serviço de Psicologia do hospital e coordenadora dos cursos da área oferecidos pela instituição. O curso de Neuropsicologia tem, no total, de 420 horas e é voltado a quem deseja trabalhar com a área da Psicologia que estuda a relação das funções cognitivas e o cérebro, no caso do tratamento tanto de lesões adquiridas quanto de doenças degenerativas, como o Alzheimer.

Tabu. A ideia de concentrar os cursos em determinados dias da semana ou nos fins de semana ou até em semanas de imersão específicas ao longo do ano, além de oferecer parte das disciplinas a distância, é algo que ocorre frequentemente em cursos de especialização, de modo a facilitar que estudantes que vivem ou trabalham longe dos locais em que os cursos são ministrados, até em outras partes do País, possam acompanhar a dinâmica de estudo sem abdicar da rotina de trabalho. 

Em Psicologia, porém, falar de aulas online ou do uso dos recursos das novas tecnologias é uma espécie de tabu em razão da necessidade da experiência clínica e do modelo consagrado de psicoterapia face a face dos consultórios.

“Uma questão sem fim na Psicologia é que você tem de ter uma experiência prática. A educação a distância é uma boa ferramenta, mas há resistência à medida em que os cursos têm de promover a experiência clínica”, diz a psicóloga e psicanalista Patrícia Bader, coordenadora do serviço de Psicologia do Hospital e Maternidade São Luiz e professora universitária em Psicologia da Saúde. 

 

Sob a coordenação de Patrícia, o São Luiz oferece um curso presencial de aprimoramento, que está entre os mais reconhecidos na área de Perinatologia em São Paulo. O curso de Especificidades do

 

Trabalho em Maternidade tem 500 horas, sendo dois terços em atendimento. “O diferencial do curso é o atendimento à população internada. Por isso não tem estudante (de Psicologia) ou estagiário. São todos alunos de pós-graduação e permanecem conosco por dez meses.” 

Revolução digital. No universo de propostas inovadoras dos cursos de aperfeiçoamento profissional para psicólogos, destaca-se um curso de extensão oferecido pelo Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pioneiro no Brasil nos debates em torno do uso das novas tecnologias nas experiências clínicas de Psicologia. Segundo a professora Rosa Farah, coordenadora do núcleo, o curso, totalmente online, tem como objetivo introduzir os serviços psicológicos mediados por computadores e fazer discussões de casos. 

Atualmente, o oferecimento de psicoterapia a distância é proibido. O contato virtual nos atendimentos só é permitido em situações bem específicas. Resolução do Conselho Federal de Psicologia sobre o tema permite orientação online, por e-mail ou programas como o Skype, para pesquisa, atendimentos eventuais ou orientações por tempo limitadas a 20 contatos virtuais.

“Claro que as pessoas sabem das consequências da chegada das novas tecnologias no dia a dia, mas ainda não tem a percepção da transformação que vem ocorrendo nos relacionamentos com a introdução do elemento virtual. O curso trata disso”, diz Rosa.

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